Os contos de Os Arquivos de Deus versam so-bre místicos e mistérios, vida e morte. Falam de busca de sentido e transcendência, do pro-saico e do sublime, do convívio humano com seus mais densos enigmas. O profano e o sa-grado no cotidiano. Deus é a Memória do Uni-verso, de cuja essência participamos, na ex-pectativa de um dia absorvê-la. Somos fração de um enredo sem fim, cuja trama alimenta-mos, desconhecendo-a, desde Adão. Eis o que expõe o conto inicial, que dá nome ao livro. Os Arquivos de Deus mesclam mistério e coti-diano, eterno e efêmero, mostrando a relação íntima de ambos. O prosaico e o sublime companheiros de jornada do ser humano. Não importa o cenário, a época ou a etnia: o Sa-grado está tão próximo e acessível como a mais banal circunstância. Dentro dessa lógica, como o rabino e cabalista sefardi Abraão Abu-láfia, a mártir cristã Dorotéia e o Padre Anto-nio Vieira; de personagens obscuros em quem não prestamos atenção; e de figuras arquetí-picas, que cumprem missão mesmo sem o saber.