"Quando morrermos, seremos julgados pelo amor. O amor é a diferença entre o céu e o inferno". Poderia definir-se o destino do cristão como uma vocação para amar. Dorothy Dohen, que em seus escritos se notabilizou pelo profundo toque humano de suas reflexões, caracteriza nesta obra o que de algum modo é o cerne da vocação cristã. À luz do amor, tudo na vida humana adquire a sua explicação profunda, os mistérios se desvanecem e as realidades diárias se unificam e se ordenam. Em sucessivos capítulos, vai a Autora estabelecendo um processo de integração que ilumina os recantos da alma, sempre a partir do "mandamento novo". Estuda a pobreza, que torna o homem livre para amar; a oração, que é a linguagem do amor; a solidão e a frustração, que são fenômenos de vidas mirradas no individualismo; a alegria e a paz, conseqüências diretas de uma caridade plena; a maturidade espiritual, que é o resultado de uma vida comprometida com o amor, sob o impulso e o estímulo do Espírito Santo e da Senhora. Eis em traços largos os problemas bem humanos e bem divinos que se abordam nesta obra, exemplificados com detalhes caseiros, com considerações serenas e leves, pontilhadas de humor e simplicidade. Escrita para os simples cristãos, é esta obra um vislumbre da doutrina do Concílio Vaticano II sobre a santidade dos leigos, chamados a dar o testemunho de uma vida em Cristo no seio das estruturas temporais, no meio dos afazeres, não raro penosos, da vida diária. Para os cristãos que queiram saber em que se desdobra a doutrina do Concílio para eles, de que modo podem convertê-la em vida, em ideal de vida, impõe-se a leitura destas páginas, a assimilação do roteiro que traçam com o sabor de coisa nova. Não é a santidade dos leigos coisa medíocre. Não é uma atitude passiva, de desalento ante os rumos da História ou de conformismo, na monotonia dos dias sempre iguais. É caminho positivo, de transformação pessoal e de testemunho heróico, que só se alcança quando se atinge a plenitude do amor. Mas o amor não é coisa abstrata. Vale a pena descobrir como se manifesta, para não o convertermos em mais um de tantos lugares comuns.