Que língua fala Rodrigo Garcia Lopes? Aposto que nem ele mesmo sabe, do contrário não seria poeta. Mas seu enigma nos toca. Mais que isso, especialmente em tempos de pandemonium e pandemia, seu enigma em forma de onda nos leva a realizar o melhor aéreo reverso da sensibilidade. Com essa proeza, trocamos o confinamento pelo mundo lá fora, que nos espera em tormenta, como pressentido pelos personagens de Hopper, ou em epifania epigramática, como na língua de Marcial. Palavras, poemas e capítulos são ondas dentro de ondas. Mas o livro como um todo não é um mar: é ainda outra onda, densa e leve como as melhores ondas costumam ser. Janelas das palavras abertas, atingimos o lábio dessa onda e voamos para descobrir que a poesia em que vivemos está tomada de realidade. Uma onda é um monumento momentâneo. Mas O enigma das ondas durará. Vitor Ramil Matérias relacionadas: Poesia, doa a quem doer: uma leitura de O enigma das ondas’, de Rodrigo Garcia Lopes Revista Cult Da política à [...]