"Dois amores, pois, fundaram duas Cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo a Deus, engendrou a Cidade terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial. Gloria-se, a primeira, em si mesma, e a segunda, em Deus, porque aquela busca a glória dos homens e tem, essa, por máxima, glória a Deus, testemunha de sua consciência. Aquela fica ensoberbecida em sua glória e essa diz a seu Deus: Sois minha glória e quem me exalta a cabeça. Naquela, seus príncipes e as nações avassaladas vêem-se sob o jugo da concupiscência de domínio; nessa, servem em mútua caridade, os governantes, aconselhando, e os súditos, obedecendo. Aquela, nos seus potentados, ama a própria força; essa diz ao seu Deus: Amarei só a ti, Senhor, que és minha força. Por isso, naquela, seus sábios, vivendo segundo o homem, têm buscado só os bens do corpo, ou aquele do espírito, ou ambos; e também aqueles que têm podido conhecer a Deus,[...]