Havia em Pasolini um pensamento extremamente violento e um desejo ilimitado. E a combinação desse pensamento violento e desse desejo ilimitado o deixou em conflito com o mundo tal qual era, a tal ponto que ele se mantinha pessoalmente muito perto do ponto de impossível”. Estas palavras de Alain Badiou tocam incisivamente todos os polos de tensão presentes na extraordinária trajetória humana, artística e intelectual de uma figura inigualável do panorama não apenas italiano, mas também internacional, como a de Pier Paolo Pasolini (1922-1975). Desejo, paixão, violência, utopia, marcam, com efeito, a ação militante desta figura, ao mesmo tempo poderosa e frágil, lírica e trágica, sublime e provocadora.