Desde o curso de Psicologia Clínica, em Harvard, Daniel Goleman já observava que os distúrbios dos pacientes pareciam servir de proteção contra uma ameaça mais grave. Seus estudos na área de Psicologia da Consciência mostraram como a experiência é o produto de um equilíbrio entre vigilância e desatenção. Desse modo, o autor foi constatando o padrão que se repete em cada nível do comportamento: biológico, psicológico, social. Goleman tomou emprestada de Ibsen a expressão “mentira essencial”. O teatrólogo usou este termo para definir os grandes segredos familiares, que tomam o lugar de uma verdade menos convincente. “Quando a força dos fatos é brutal demais para ser ignorada, seu significado pode ser mudado. A mentira essencial continua velada, protegida pelo silêncio da família, álibis, pura negação”, afirma o autor. “Mentiras essenciais, verdades simples” gira em torno das seguintes premissas: a mente pode se proteger contra a ansiedade, diminuindo a percepção; esse mecanismo cria um ponto cego de atenção bloqueada e de auto-ilusão, e esses pontos cegos ocorrem em cada nível principal do comportamento, do psicológico ao social.