A exuberância da natureza brasileira e as propriedades medicinais de sua flora têm sido descritas desde o século XVI. "O continente do Brasil com razão é julgado a maior e mais excelente parte de todo o Novo Mundo; sendo acuradamente examinado, será tido por não menos aprazível e saudável" (Guilherme Piso, 1644). "Permaneci em São Paulo de Olivença (Pará) cinco meses; cinco anos não teriam suficientes para explorar os tesouros que havia nos seus arredores, no campo da Zoologia e da Botânica" (BATES, 1876). "Alguém que aqui dispense ao trabalho apenas três horas pela manhã e outras tantas à tarde, produzirá tantos ou mais artigos essenciais e secundários do que o conseguiria trabalhando de sol a sol em nossas terras européias" (WALLACE, 1853). "O dia passou-se deliciosamente. Mas 'delícia' é um termo insuficiente para exprimir as emoções sentidas por um naturalista, que, pela primeira vez, se viu a sós com a natureza no seio de uma floresta brasileira" (DARWIN, 1842). "Não foram o ouro e a prata que seduziram o homem branco na Amazônia: foram as plantas" (Otto Gottlieb e Walter Mors, 1978). Vivemos uma época de grande desenvolvimento do uso das plantas em várias áreas, tanto como medicamentos fitoterápicos, fonte de fármacos e como protótipos, mas igualmente em cosméticos e alimentos funcionais, dentre outras aplicações. Especificamente com produtos de ação terapêutica, estima-se um faturamento mundial de cerca de 25 bilhões de dólares, dos quais o Brasil participa com ínfimos 2-3%. Por que tão pequena participação? Muitas das respostas estão contidas na obra que temos a honra apresentar: falta conhecimento histórico, valorização do que foi feito e, principalmente, aplicação do que já se detectou como relevante. Afinal, conhecer e valorizar o passado são requisitos essenciais para empreitadas de sucesso. E este livro certamente contribui com o futuro da pesquisa e valorização das plantas no Brasil.?