Para compreender a razão de ser e as consequências da nova economia, é indispensável a organização do pensamento baseado na complexidade. Assuntos complexos exigem um pensamento complexo. A globalização, o processo de reestruturação econômica e o trabalho não podem ser simplesmente compreendidos e, em razão disso, um pensamento ético reducionista sobre tais questões e suas respectivas implicações vai necessariamente produzir resultados negativos. As histórias sobre CEOs e financistas, como se fossem heróis ou vilões, por mais satisfatórias que sejam, devem se curvar à realidade. As transformações são estruturais, não pessoais. Por isso, este livro sustenta que não houve uma mudança na natureza humana, mas sim na estrutura do mercado de capitais, o que possibilitou o aumento da competição e das oportunidades de se alcançarem retornos financeiros cada vez mais altos e em curto prazo. A mudança estrutural proposta pelo capitalismo flexível, marcada pelo abandono da rigidez das organizações hierárquicas, pela eclosão da reengenharia das corporações e pelas políticas de enxugamento, no qual o que é essencial é se reinventar a todo instante, está atingindo a narrativa de vida de milhões de trabalhadores em todo o mundo, afetando as características mais íntimas e pessoais da existência cotidiana, e deixando-os com a constante sensação de estarem à deriva e vivendo sob intenso risco. Este é um mundo líquido, com o projeto moderno enfraquecido, onde a flexibilidade, a incerteza e a insegurança assumem uma dimensão sem precedentes. Mas quem é o indivíduo e que sociedade é essa que produz e se reproduz com base em um capitalismo que gera injustiças e que domina grande parte do conteúdo das relações humanas? A obra apresenta, ainda, por meio de uma análise detalhada do desenvolvimento do capitalismo norte-americano, a transformação das políticas empresariais, bem como os desafios que devem ser enfrentados pela ética empresarial na formação de um cenário em que a [...]