O esforço de dar conta de aspectos cruciais da realidade por meio da escrita moldada em obra literária, tão dramaticamente vivido por Euclides da Cunha, ressurge com vigor neste livro, em que convivem a seriedade da pesquisa, o rigor crítico e a visão arguta do contexto histórico. Interessado nas questões de intertextualidade, Bernucci estuda as relações entre Os Sertões e os escritos de outros autores: dois antecessores (Victor Hugo e Sarmiento), um contemporâneo (Afonso Arinos) e dois epígonos (Monteiro Lobato e Graciliano Ramos), fazendo acompanhar a análise do cotejo de diversos trechos das obras em discussão e da reprodução fac-similar, e sua respectiva transcrição, de manuscritos de Euclides, contendo as rasuras e anotações que testemunham seu processo de trabalho. O livro inclui ainda um exame criterioso das origens textuais de um fragmento inédito de Os Sertões.