Através da gastronomia, jornalista brasileira conduz leitor pelo cotidiano da cidade das águas. "Assim como falar de história, de arte ou de arquitetura, falar de gastronomia em Veneza é repleto de significações. O historiador Massimo Montanari define o alimento como um elemento decisivo da identidade humana e as práticas alimentares como um ponto de encontro entre culturas diversas - fruto da circulação de pessoas, mercadorias, técnicas e gostos. Veneza, aquela que mediava as relações entre Oriente e Ocidente, era ponto de parada dos peregrinos que rumavam à Terra Santa, e sempre recebeu visitantes de todas as partes, possui uma culinária que é um verdadeiro melting pot." (p. 11) A formação de Veneza, no nordeste da Itália, é associada à construção da igreja de San Giacomo, em 421. Com 117 ilhotas, mais de 450 pontes e nenhum automóvel convencional, a cidade é famosa por seus 177 canais e os tradicionais passeios de gôndola. Classificada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Veneza tem como principais cartões postais a Basílica de San Marco e a ponte de Rialto, no Canal Grande. Mas não só dos clichês do romantismo e do turismo é composta a localidade italiana. Ao gosto de Veneza, livro-reportagem de autoria de Luisa Frey, mostra que pessoas como o peixeiro Marco, do Mercado de Rialto, o casal de agricultores Dariella e Gastone, da ilha de Sant'Erasmo, o confeiteiro Giorgio, de Burano, e o garçom Claudio do tradicional Caffè Florian, na Praça San Marco, são quem mantêm Veneza, a metrópole das águas, viva. Em uma bela narração, o leitor é conduzido pelo cotidiano e pelo passado de Veneza, passando por sua origem, desenrolar histórico e suas transformações sociais - fusão de diversas culturas ao longo dos séculos. A obra traz preciosas informações sobre a tradição gastronômica veneziana, através de receitas e relatos de personagens ligados à culinária e à gastronomia, que, com amor e dedicação, mantêm na cidade feiras livres, vinhedos, adegas, restaurantes e bares, tudo com apropriado equilíbrio entre o caráter artesanal e a assimilação de importados - como a cachaça brasileira. O livro é um convite para um passeio pelas ruas e canais e pela particular rotina da cidade, que desperta curiosidade e faz de Veneza um destino turístico tão procurado.