Já se passaram 15 anos desde a publicação da primeira edição da Psicofarmacologia Clínica da Infância e da Adolescência. Três tendências mais importantes na psicofarmacologia da infância e da adolescência desde a última edição merecem destaque. Em primeiro lugar, depois de um período de grande entusiasmo pelas novas medicações, especialmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os antipsicóticos atípicos/de segunda geração (ASG), e o aumento do número de prescrições dessas drogas a crianças e adolescentes, houve uma restrição bastante significativa, repleta de Avisos em Tarja Preta e Notas em Negrito determinados pela FDA norte-americana. É importante notar que, embora os ISRS e os ASG sejam amplamente prescritos em muitos transtornos psiquiátricos distintos em crianças e adolescentes, quase todas essas prescrições são para indicações não aprovadas pela FDA. As únicas indicações aprovadas atualmente pela FDA para o uso de ISRS em crianças e adolescentes são para a fluoxetina, em pacientes diagnosticados como portadores de transtorno depressivo maior (TDM; idades maior ou igual 8 anos) ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC; idades maior ou igual 7 anos), para a sertralina no TOC (idades maior ou igual 6 anos) e para a fluvoxamina no TOC (idades maior ou igual 8 anos); não há nenhum uso aprovado pela FDA para ASG em pacientes com idade maior ou igual 18 anos. Assim, muitos dos achados que contribuíram para a maior recomendação de cautela na administração dessas drogas decorreram de estudos realizados em crianças e adolescentes depois da comercialização inicial e do relato de eventos adversos.