"Os plátanos do Passeio Público dizem que o outono chegou. Os galhos tentam reter as folhas que o vento sulino insiste em roubar. Depois de curto voo, sem liberdade, pousam no áspero chão. Umas assentam-se na relva úmida; outras, movidas pelo minuano, perambulam caminhos, quebrando pontas, rasgando-se, buscando sossego que não vem. Colhidas de surpresa por uma chuva fria, são levadas a seu destino final. Raras as que, verdes, colhidas por mão inadvertida, têm outra ventura: presas entre páginas esquecidas, amarelecem entre dois poemas de revolta. A maioria picotada, pisada... sina de massa. Sobreviver? Nenhuma. Só as sementes permanecem, mas apenas as que caem em terreno fértil..."