Esta obra identifica a possibilidade de se repensar a criminologia a partir de uma mirada periférica, como forma de resistência. Utiliza como referencial as categorias biopolítica e governamentalidade abordadas por Foucault, o paradigma imunitário de Esposito e a necropolítica de Mbembe. Busca-se também identificar como tais conceitos vêm sendo apropriados pela criminologia, em especial a partir da incorporação do atuarialismo criminológico. Fala-se hoje não mais em criminologia, mas em criminologias:criminologia pós- -critica, criminologias alternativas, criminologia cultural, criminologia cautelar, criminologia feminista, seja qual for a nomenclatura, o objetivo parece ser o mesmo: contenção da violência e da irracionalidade do poder. A forma de se conceber a criminologia aqui pressupõe necessariamente compreendê-la a partir do real. Assim, é apenas a partir da análise de um tema em concreto que isso se torna possível. A (necro)política proibicionista-criminal de drogas brasileira, enquanto mais significativa manifestação concreta do sistema penal, pode ser compreendida por esta ótica. Analisa-se a genealogia do dispositivo das drogas no contexto brasileiro, os regimes de verdade e práticas de poder a ele atrelados, assim como os efeitos de poder decorrentes deste dispositivo. Por fim, busca-se identificar, a partir da crise do proibicionismo, a emergência de saberes e práticas (ações de redução de danos, descriminalização do consumo e regulamentação das drogas) que podem significar táticas de contenção da letalidade e de resistência ao atual modelo necropolítico.