Quando Sigmund Freud, pai da psicanálise, aceitou a sugestão de sua famosa paciente, que ficou conhecida como Anna O., para que não utilizasse a hipnose como recurso terapêutico e apenas a es­cutasse, uma revolução na forma de entendimento do sofrimento psíquico ocorreu, nascendo desta forma a psicanálise, a chamada talking cure, a cura pela fala. Utilizando um método simples, a associação livre, que consiste em deixar o paciente falar livremente tudo que lhe vier à mente sem objeções ou qualquer tipo de censura, Freud percebeu algo interessante. Falar diante de um psicanalista empático, atento, com o qual há um vínculo de confiança, é essencial para que as pessoas possam expulsar seus fantasmas interiores. A catarse, do grego Katharsis, significa purificação, purgação. Para o filósofo Aristóteles, significa a purificação das almas, e para a Psicanálise, uma forma de trazer à consciência memórias recalcadas. Este livro não consiste em descrever conceitos psicanalíticos e não se dirige unicamente àqueles que se interessam pela psicanálise. As reflexões aqui propostas tratam sobre a importância da escuta, das palavras e da cura em todos os contextos, não somente nos consultórios psicológicos ou psiquiátricos. No entanto, é por meio do encontro com seus pacientes ao longo de duas décadas que o psicoterapeuta Rogério Thaddeu nos instiga a caminhar por águas mais profundas diante dos dilemas humanos, desenvolvendo nossa percepção para captar as sutilezas escondidas nas entrelinhas da palavra, dos olhares, posturas corporais, lugares ocupados por aqueles que falam demais, bem como a linguagem dos silenciosos.