Estou convencido de que uma das características de um livro contemporâneo é que, antes de ser uma leitura, ele é uma experiência. Os anões funciona exatamente assim é a possibilidade de ingressarmos numa cápsula do tempo e do espaço, comprimida de tal forma que os fragmentos, as histórias diminutas deste volume, apresentam-se como um telescópio que não serve senão para observarmos nós mesmos. Um casal de anões é esmagado depois de furar fila, miolos espirram na parede azul, atores despencam de um teleférico público aplaude. Tudo vira espetáculo, absurdo, falta de sentido. E seguimos observando, como se estivéssemos a milhões de quilômetros, de uma perspectiva que nos permite entender os mínimos detalhes como grandes acontecimentos, e os feitos extraordinários como banalidades necessárias para continuar sendo o que somos seres insignificantes.