Ampliar e resgatar o número de apreciadores e leitores de cordel é um desafio aos poetas". É assim que João Bosco encarou a árdua missão de, a partir de sua vivência como psicólogo social, voltar às suas raízes em Juazeiro do Norte, a fim de deixar emergir um sujeito-narrador que se desdobra à medida do mundo, em que a história/relato se desenvolve. Desse modo, o autor vai tecendo um texto interativo, na formade "peleja", permitindo uma triangulação - texto, autor, leitor -, ao analisar as questões ideológicas envolvidas na produção das narrativas dos cordelistas nordestinos. Além disso, demonstra a inserção desses sujeitos, desses poetas, que se articulam segundo uma determinada formação discursiva ou ideológica. Neste estudo agradabilíssimo de se ler, não é difícil perceber a inquietação do autor, ao percorrer a região de Cariri, entrevistando violeiros, xilógrafos e vendedores, na tentativa de desvendar o cordel ou de desembaraçar o cordão/barbante, sem mascarar as mudanças pelas quais a cidade vem passando, sem discutir a importância da ressignificação da mulher no contexto dos cordelistas mauditos, sem abordar a ação dos poetas e sua produção, enquanto discurso político veiculador de propostas e conceitos ligados a causas e movimentos sociais. Luiza Helena Finotti