As crônicas de Nelson Rodrigues depois de serem localizadas temporal e espacialmente, confrontadas com sua época e seus interlocutores, como se procura fazer no primeiro capítulo do trabalho, passa-se ao estudo de como assimilam o tempo e o espaço e a uma leitura do texto como discurso ativo. Nas crônicas de futebol, há base para uma inter-relação múltipla: o futebol, no plano do objeto narrado, como um palco, uma representação, um texto; as crônicas, no plano da narrativa, como outro palco, outra representação, outro texto. A organização social, a identidade do indivíduo e do grupo, como um terceiro plano possível, permeia essa relação entre textos, num cruzamento de sentidos que constroem mutuamente, e que se procura traçar a partir do terceiro capítulo. A idéia central dessa busca de sentidos é a de que o autor é antes de mais nada um leitor da história, e, na medida em que ele a escreve, é lido por ela, num movimento de reescritura no tempo, no espaço, nas situações. (...)