O livro Para ler como quem anda nas ruas (selo Escrituras) apresenta uma proposta de espetáculo a emergir do poema de mesmo nome, escrito pelo poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro. A obra passeia pela cidade de Belém do Pará, num jogo livre entre o poético e o extrapoético do texto. Este acontecimento artístico de dança-poético-dramática faz emergir, através do modo gestual de imagens que dançam, a dramaturgia submersa nos versos de um distendido monólogo poético do poeta caminhando pelas ruas e em seu imaginário, entre contemplação e introspecção. Belém torna-se espaço virtual do ser no mundo, o lugar universal onde se dá uma forma coreográfica de habitar e sonhar. Ana Flávia Mendes Sapucahy (direção artística e argumento cênico), Saulo Sisnando (dramaturgia) e Luiza Monteiro (direção artística adjunta), numa construção intercorrente com as ideias dos integrantes da Companhia Moderno de Dança, criaram esse espetáculo para celebrar os dez anos de existência da companhia. A cena inclui blocos de versos falados para integrar no palco a complexidade poética verbal do poema. Ao converter-se em gesto, a palavra realimenta-se como poesia, tornando-se palavra, o gesto se recria em poética que dança. A dança põe a poesia em movimento. A poesia retém o movimento da metáfora na coreografia virtual do imaginário. Um passeio pela cidade de Belém, no Pará, criado por Paes Loureiro e apresentado aqui pelo pela Companhia Moderno de Dança.