Esse livro é uma bela viagem sobre a experiência cinematográfica brasileira revelada pela análise dos estúdios da Companhia cinematográfica Vera Cruz e pela aproximação do foco no acompanhamento da trajetória da atriz Eliane Lage. O trabalho de Ana Carolina Maciel, original e criativo, dialoga de maneira intensa com a historiografia sobre o cinema. Destaca-se, nesse diálogo, uma aproximação mais teórica e conceitual que busca definir o cinema como uma experiência moderna - incluindo-se aí a discussão sobre o imaginário e as mitologias. Paralelamente, o livro retoma trabalhos voltados para a análise mais específica dos estúdios Vera Cruz, com destaque para um conjunto de questões relevantes associadas ao cinema como uma atividade industrial e seus limites de implementação pelo empresariado brasileiro. A historiadora faz o uso de um conjunto variado de documentos, demandando diferentes estratégias de abordagem, assim a imprensa periódica, os depoimentos, a publicidade, as imagens da filmagem, os escritos biográficos, a documentação administrativa da empresa, foram cada qual associados a um conjunto de questões que ganharam sentido na arquitetura final da obra.