Os poemas de Ao norte, ao chão revelam uma trama em sentido ambivalente: ela se manifesta no verso, esta linha\/ em que não vamos ao fim\/ para que se possa respirar\/ e haja ainda o que seguir, conforme Percurso, um dos pontos altos deste livro de Laís Ferreira; a trama também se faz presente na tendência à narratividade, que é contida, em ritmo cadenciado, às vezes alcançando um suave prosaísmo. De qualquer modo, sua poesia ressalta na oscilação de experiências em torno do amor, que se apresenta como as redes, as iscas, as buscas\/ próximas ao mar. Outro sinal dessas buscas se torna evidente na recorrência com que cartas são evocadas e especuladas, funcionando como um símile da intensidade dos sentimentos. O amor também se mostra, indiretamente, no seu trabalho em relação às imagens, que se encadeiam, reproduzindo a dinâmica da rede. [...]