Cefas Carvalho reúne em Sismos poemas em estado terroso, de solo, epicentro e lava, talvez um pouco de fogo, mas sem voos ou águas. Poemas arenosos que transformam a aridez em ar possivelmente respirável. Ao lê-los, temos a sensação de um soco, mas também de um sopro. Como um Hades grávido de cactos e pedras, talvez também grávido de mortes, esse poeta nos brinda, em seu primeiro livro de poemas, após o livro de contos Não sei quantas almas tenho, com um diálogo com o chão, a terra, o espaço seco, vazio de estrelas, pleno de ecos bárbaros e diários. Sim, é um jornalista que escreve, e, como tal, a rispidez da existência aparece. Além disso, é também um autor de quatro romances publicados com as trepidações, já sem muitos devaneios, de um homem em sua quinta década de vida. Ler Sismos também é encontrar Perséfone beijando o submundo, tecendo com agave e sal as linhas mais duras da vida e da morte. Ícaro às avessas, Cefas mantém o corpo poético no plano médio e baixo, (...)