Vivemos um momento, no Brasil e no mundo, em que despontam publicações acerca do autismo, tratado a partir dos mais variados pontos de vista, como nunca aconteceu. Todos igualmente importantes! Mas há algo inédito aqui: o autismo tratado especialmente a partir daqueles que sofrem de autismo. Marina Bialer lhes concede a palavra e o lugar principal de autoria e dos saberes acerca do autismo, oferecendo-lhes, como cabe a um psicanalista, a escuta atenta que sustenta a dimensão de verdade inerente aos caminhos próprios de subjetivar-se, conforme defendido por Freud desde os primórdios da Psicanálise. Mas o leitor não irá encontrar aqui capítulos pesados e indigestos acerca dos conceitos centrais da teoria psicanalítica, mas sim, estes serão identificados a partir dos elementos subjetivos encontrados nas autobiografias, alinhavando-os a uma compreensão teórica bem articulada e fundamentada e sublinhando para o leitor os aspectos que devem ser considerados com especial atenção, revelando fineza teórica e olhar clínico sensível e instruído. Não se trata de um livro de descrição de comportamentos estranhos, com listas de sintomas e déficits, mas, pelo contrário, de potências sutis e que jamais poderiam ser conhecidas com tamanha exatidão de outra forma. Sendo assim, trata-se de um material de estudo e pesquisa singular e irrecusável para médicos psiquiatras, pediatras, pedagogos, psicanalistas, psicólogos, acompanhantes terapêuticos, portanto, a todos os profissionais da saúde e educação, especialmente.