Pautado em assentimentos teóricos da semiótica da canção, Alfredo Werney descortina analiticamente obras dos compositores Chico Buarque de Holanda e Antonio Carlos Jobim. E como entorno dialógico à pesquisa, traz reflexões apropriadas e extensivas sobre o fenômeno da canção, que vão de formulações modernistas de Mário de Andrade aos debates e propostas teóricas encontrados em literatura comparada e na melopoética. Trata-se de pesquisa bem articulada em seu trânsito teórico aplicado, sem intimidações na busca de resultados, que, encontrados, provaram o quanto de homogeneidade e coesão há no discurso cancionista de Chico Buarque e Tom Jobim e seus efeitos de sentido, que, neste caso, se dão justamente por meio da inter-relação precisa entre os elementos sonoros e verbais. A escritura que o leitor percorrerá aqui é conduzida de dentro para fora, de um lugar de maior segurança, resultado feliz da aderência entre pesquisador e realizador musical, fazendo do entendimento e da aplicação analítica instâncias contíguas. Alfredo Werney, enquanto pesquisador e músico de formação, ambienta-se com propriedade na condução de suas investigações em torno da engenhosidade da canção popular brasileira.