O aparecimento das ciências cognitivas é sem dúvida alguma um dos acontecimentos mais importantes da história das ciências do fim do século XX. O objecto das ciências cognitivas é a cognição, isto é, numa primeira abordagem, o conjunto das actividades que decorrem do funcionamento cerebral do homem e do animal: sensório-motricidade, percepção, linguagem, aprendizagem, memória, representação dos conhecimentos, decisão e raciocínio. O estudo científico da cognição não pode ser, portanto, apanágio de uma única disciplina. Ele implica necessariamente uma interacção forte entre domínios de pesquisa que, durante muito tempo, foram considerados relativamente separados, como é o caso, sem pretendermos ser exaustivos, da inteligência artificial, da linguística, da modelização matemática, das neurociências e da psicologia cognitiva. Esta colaboração de competências diversas levanta, como é de supor, problemas de definição e de delimitação do domínio das ciências cognitivas, mas também problemas de comunicação técnica, metodológica e teórica entre as disciplinas que delas se reclamam. Este novo domínio do saber gera, assim, muito rapidamente, questões de classificação e de nomenclatura cujo rasto encontramos muitas vezes nos artigos das revistas e nos manuais especializados destas disciplinas.