Defender os estudos bakhtinianos para a prática formativa é contemplar as múltiplas vozes que se habilitam em sala de aula, é considerar a heterogeneidade da linguagem, as várias cores que tingem o dito e que o tornam o dizer de si, é refletir sobre o embate valorativo, os lugares sociais assumidos pelos interlocutores, é, por fim, considerar o processo dialógico de construção do conhecimento. Tematizar as múltiplas vozes na dinâmica escolar significa suscitar múltiplos olhares, múltiplos posicionamentos, múltiplas culturas, no jogo comunicativo. Isto posto, a língua/linguagem pode ser entendida como ponte por meio da qual o mundo da cultura e o mundo da vida se tornam intercambiáveis, arena na qual nos inscrevemos esteticamente para que a interação aconteça, instância sensível para assunção do outro diante de mim. A escola, como promotora da prática dialógica de ensino da língua, deve promover o grande encontro entre os aprendizes para que haja troca efetiva. [...]