O livro de Renata Nogueira da Silva aborda, de maneira singular, os processos de tradução das práticas congadeiras, tendo em vista o caráter político-religioso assumido historicamente pelas irmandades negras instituições gestoras dessas atividades. Esses processos são situados como produto de mediações multiescalares (transnacional, nacional e nacionais), nas quais a ideia de cultura tem sido evocada dialeticamente na gestão de políticas públicas e na luta por reconhecimento e direitos de cidadania. O ponto principal de Irmandades negras, reconhecimento e cidadania é a compreensão dos modos pelos quais as práticas congadeiras têm sido transpostas e traduzidas para tempos e espaços distintos do ritual, à luz das experiências de dois projetos culturais. As transposições e traduções dessas ações são aqui explanadas de forma diligente, associando-se, entre outras perspectivas, sua secularização em alguns espaços e sua conexão a outras cosmologias religiosas.