Menos de cento e cinqüenta quilômetros de mar aberto separam a Flórida de Cuba. Mas as quase cinco décadas de comunismo tornaram muito diferentes os dois paraísos tropicais. Enquanto Fidel Castro mantém uma relação simbiótica com o poder, apesar da saúde debilitada, que não lhe permite mais tragar seus adorados charutos, o povo continua a fazer grandes sacrifícios. Turistas estrangeiros lotam as praias do litoral cubano, injetando dólares na economia, ao passo que seus habitantes são vítimas da escassez de remédios, comida e até de energia elétrica. Sob o governo de um homem à beira da morte, a maioria da população parece ter perdido as esperanças. Há oito anos em Miami, Elliot Steil (protagonista de Mundos sujos), ex-professor de inglês, é sócio da Imlatinex, empresa com negócios por toda a América Latina, com transações secretas com a Ilha. Elliot desfruta de liberdade e segurança financeira inimagináveis em Cuba, e faz o possível para ajudar os familiares que deixou para trás. Em Havana, a espiã Victoria Valiente, chefe da importante seção Miami do serviço secreto cubano, e o marido, Manuel Pardo, especialista em computadores, estão cansados de sacrifícios. Ciente das falhas do software usado para processar o ingresso de dólares na país, Manuel é bem-sucedido na execução de um desfalque eletrônico. Com Victoria no alto escalão do mundo da espionagem, esperam não apenas roubar milhões, como também enganar o Comandante e fugir para a liberdade via Miami. Mas as ações do casal ocorrem em um mundo de espionagem tão competitivo quanto aquele do auge da Guerra Fria. Miami é um território disputado, repleto de agentes de ambos os governos, e os movimentos de Victoria e Manuel acabam chamando a atenção, inclusive de um jardineiro muito esperto, de agentes secretos, do FBI e de Elliot Steil. Camaradas em Miami é um livro brilhante, um romance delicioso sobre política e espionagem, que une os letreiros de néon das ruas de Miami às fachadas descascadas de Havana.