A insurreição armada de militares integrantes da Aliança Nacional Libertadora (coalizão apartidária, formada pelas mais diversas lideranças, a favor da democracia e pela emancipação do povo brasileiro de forças fascistas e do jugo estrangeiro), em novembro de 1935, passou à história do Brasil como um dos principais fatos políticos do século XX. Em 27 de novembro de 1935, militares rebelados no Rio de Janeiro tomaram o 3º Regimento de Infantaria na Praia Vermelha e a Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos. Foram derrotados após uma luta sangrenta e muitos rebeldes foram presos. Iniciou-se, então, o longo processo de que dá conta o Relatório Bellens Porto, que é a peça inicial da ação criminal e a prova da repressão odiosa que marcou época na história das lutas brasileiras. A versão da polícia, de que o principal objetivo da ANL era realizar um golpe comunista, predominou até recentemente. A partir da década de 1960, entretanto, graças ao trabalho árduo e corajoso de historiadores como, Nelson Werneck Sodré, Moisés Vinhas, Hélio Silva e Marly A. G. Vianna, a realidade dos fatos ocorridos aos poucos abriu caminho e se impôs nos meios universitários, para depois se espalhar entre os círculos democráticos. O Relatório Bellens Porto reflete, naturalmente, a ideologia e os interesses da polícia política, mas contém fartura de informações valiosas, registradas com relativa objetividade. Documento raro, o Relatório Bellens Porto interessa tanto a pesquisadores das áreas das Ciências Humanas, em especial à História, à Política e à Sociologia, como também a todos os que se interessam pela história política nacional.