A câmera como uma arma ao contrário que, ao invés de destruir, se relaciona contra o desaparecimento das coisas na paisagem e na memória. Recife, de Fred Jordão, é um livro escrito com imagens. São fotografias que atravessam e foram atravessadas por 30 anos de convívio com a cidade, numa relação por essência tensa e difícil, permeada por singelezas e brutalidades, coerências e contradições. Preto e branco, colorido. Para alguém que não enxergue, o Recife é feito de cheiro de mangue e rio, suor e frutas tropicais. Calor úmido. Som de buzinas, ondas do mar, vendedores, rezadores, frevo e maracatu. Para quem pode enxergar, o seu equivalente visual está nas páginas de Recife.