Pode o estudo da relação de leitores urbanos com uma revista jornalística especializada em atividades agrícolas ajudar a compreender o fenômeno, aparentemente comum, do sonho de se ter uma casa no campo? Diante da complexa relação do homem com a natureza, percebe-se que, ao sonhar com a casa no campo, leitores da revista Globo Rural residentes na cidade de São Paulo não apenas se voltam para o passado rural, vivido real ou arcaicamente junto ao mundo natural. No tempo presente, eles tecem uma crítica profunda ao modelo civilizatório da metrópole e, olhando para frente, imaginam um futuro melhor longe da violência, trânsito pesado e poluição, num lugar onde se realiza o desejo de um convívio mais harmonioso e solidário com a natureza e com os outros homens. Esta investigação do Jornalismo, no âmbito da recepção e como narrativa cultural potente em sua dimensão simbólico-mítica e imaginária, se dá no diálogo com a Antropologia.