Todo amante de literatura sabe que um bom livro não se faz com argumentos. Nem com boas histórias. O que diferencia uma história de outra, uma obra de outra, é o estilo da narrativa. O leitor deste livro será conduzido pela mão levíssima de José Renato Kehl através de suas tentativas de sair do labirinto, que é o próprio mistério da nossa existência. O fio de Ariadne, nesse caso, é a história de vida do autor. Faz sentido: qual a sinceridade de uma iniciação espiritual que não se mistura à vida cotidiana do iniciado? José Renato não descreve sua procura pelo sentido da vida desde o ponto de vista de um mestre, mas de um aprendiz reverente aos seus mestres. A começar pelo professor de Tai Chi Chuen Michel Veber ?- este sim, um sábio, a cuja memória o livro é dedicado. Mas nenhum mestre possui o segredo do sentido da existência. Se o mundo ruma para a autodestruição, a única saída é encontrar o sentido dentro de si mesmo. Pois o sentido da vida, este permanece incompreensível tanto para o narrador quanto para o leitor. Labirinto não tem a pretensão de desvendar o mistério da vida. Só ajuda o leitor a iluminar a travessia.