Organizado por Lulli Milnan e Benilton Bezerra Jr., o livro será lançado dia 27 de outubro às 19:30h na Livraria da Travessa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, loja 205A). Leia a seguir um comentário de Luiz Eduardo Soares,professor da UERJ, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e secretário Municipal de Valorização da Vida e Prevenção da Violência de Nova Iguaçu -RJ: "A Casa da Árvore é uma experiência extraordinariamente importante para seus beneficiários - crianças até 12 anos e suas famílias, de cinco favelas do Rio de Janeiro -, mas também para todos nós, de um modo ou de outro ligados à problemática da violência, das desigualdades sociais e dos preconceitos. A Casa é uma instituição de tipo novo, meio universidade (o vinculo com a UERJ é fundamental), meio ONG; um pé no público, outro no privado, mas destinada, por opção ética e política, ao exercício original de uma prática inovadora, sensível, plástica e plural, sempre em processo de reformulação, em diálogo com os outros campos do saber e sempre se interrogando sobre o meio em que atua, sobre seu potencial e seus limites: a psicanálise na cidade, da cidade ou para a cidade. Tudo começou em outubro de 2001, quando Lulli Milman e Maria Fernanda Baines decidiram implantar no Brasil o modelo de atendimento psicanalítico para crianças criado na França por Françoise Dolto. Enfrentando dificuldades, medo e ameaças, insistiram em fazer esse trabalho nas favelas cariocas. Conseguiram, mas ao preço de uma devoção quase épica ao projeto. No caminho, deram-se conta de que a experiência de Dolto não poderia mais ser tomada como modelo a ser aplicado, mas apenas como uma inspiração a suscitar transformações que reinventariam a matriz de referência. Novos autores e novas idéias foram convidados para a viagem que apenas se inicia. Entre eles, e com merecido destaque, Donald Winnicott. O princípio é criar um ambiente de confiança e estabilidade em que a liberdade criativa seja vivenciada em sua dimensão de ato e, portanto, de agressividade, ou seja, sob a forma da ação de um sujeito que se constitui com autonomia. O ambiente positivo oferece padrões a serem incorporados, mas também transgredidos e superados. É o equivalente a uma linguagem que proporcione ao sujeito a possibilidade de reconhecimento, acolhimento e fala. O pressuposto evoca Shakespeare: a violência prevalece quando a linguagem falha. Em nome da felicidade das crianças, presente e futura, e de uma sociedade que a potencialize - simultaneamente, reduzindo o sofrimento evitável.