a passagem dos cometas é uma leitura que impressiona pelo seu realismo, cuja narrativa segue num diálogo denso, profundamente humano e dramático, num estilo simples mas elegante e charmoso, fluindo com leveza e uma certa descontração por parte do editor, um personagem irreverente e admirador confesso do amigo poeta-dentista (aquele que vive dividido entre poesias e dentes). sendo que a partir da página 117 o autor passa a tratá-lo apenas como poeta, quando o leitor passará a considerar (e admitir) que seja mais poeta que dentista, com sua extrema veneração pelos poetas, ardorosa paixão que fica explícita do início ao fim do livro. neste romance psicológico há muitas informações biográficas a respeito dos poetas e literatos em geral, especialmente no que se refere as suas agruras, dando destaque ao sofrimento e a morte precoce que sempre nortearam suas vidas. o livro revela o complexo e mórbido mundo dos homens de letras, especialmente os poetas. o leitor será surpreendido e sacudido a cada página. um livro polêmico, intrigante, e que suscita muitas reflexões, numa linguagem clara e bastante acessível, capaz de satisfazer plenamente desde o neófito, que não seja familiarizado com esta disciplina, a literatura, até o mais letrado, erudito e bem informado. sua leitura proporciona entretenimento, informação e sobretudo conhecimento. embora o livro, no conteúdo, seja tangido pela morbidez, sua leitura nos revela a estreita relação que há entre os cometas e os poetas, esses dois magníficos astros. muitos apreciam leituras que apontam referências e este livro é pródigo em esmiuçar a relação entre determinados conceitos. há algumas pitadas de erotismo e algumas anedotas contadas pelo editor, personagem que, reitero, é polêmico, brincalhão e debochado, mas que asseguro não caem na vulgaridade, estejam certos disso. tal recurso estilístico tem um propósito: desanuviar a aura nebulosa e severa que permeia o texto, ao trata de um assunto tão pavoroso como suicídio e mort