Reunindo textos, entrevistas e trabalhos artísticos de personalidades de diferentes áreas, como Vladimir Palmeira, Gilberto Gil, Cildo Meireles, Daniel Aarão Reis, Jorge Mautner, Ernesto Neto, Carlos Lessa e Davi Kopenawa, entre outros,Brasil em movimento oferece uma análise plural acerca das manifestações que se espalharam pelo Brasil de junho a dezembro de 2013. Mais do que refletir sobre os protestos, o livro convida a uma reflexão mais ampla sobre a sociedade brasileira a partir desses movimentos, que surpreenderam tanto pela força das vozes insatisfeitas quanto pela violência da repressão, pelas manchetes da grande mídia e pelas coberturas informais difundidas pela internet, deixando como certeza apenas a constatação de que novos movimentos não podem ser reduzidos a velhas ideologias. Organizado por Maria Borba, Natasha Felizi e João Paulo Reys, o livro reúne textos, entrevistas e trabalhos artísticos que funcionam como um ponto de partida para repensar os rumos e dilemas do Brasil atual. Estão presentes no livro reflexões de historiadores, filósofos, artistas, políticos, escritores, cientistas sociais, antropólogos, economistas, líderes de movimentos sociais, arquitetos, urbanistas, cantores e compositores, um policial, um advogado, um crítico de arte e um líder indígena Yanomami. Estão lá, entre outros, entrevistas com João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do historiador e deputado estadual Marcelo Freixo, do economista Carlos Lessa, do músico e compositor Jorge Mautner, do historiador e político Vladimir Palmeira, da antropóloga e cientista política Maria Lúcia Monte, promovendo um amplo debate sobre o que foi denominado Jornadas de Junho. O antropólogo e coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Robson Rodrigues da Silva lança uma lupa sobre os dilemas das Unidades de Polícia Pacificadora. A questão da mobilidade urbana deflagradora dos protestos é pensada pelo engenheiro Lúcio Gregori, pelos arquitetos Ana Luza Nobre e Paulo Mendes da Rocha, pelo filósofo Nelson Brissac e pela arquiteta e urbanista Raquel Rolnik. A importância das redes sociais na mobilização para os protestos tem destaque em entrevista com o advogado Pedro Abramovay, que dirigiu, no Brasil, o site Avaaz, de petições online. Os atos de vandalismo dos Black Blocs e a violência policial permeiam boa parte dos textos e entrevistas. Cada contribuição foi pensada ou produzida durante o período dos protestos, de modo que cada uma delas pode ser entendida como um retrato do instante. O livro foi organizado em ordem cronológica, explicitando a data de realização de cada trabalho, de modo que seja possível perceber, através da sucessão deles, parte do movimento pelo qual o Brasil passou e o olhar de cada autor no momento específico em que se expressou. O livro traz ainda uma cronologia dos acontecimentos ocorridos entre junho de 2013 e agosto de 2014, para ajudar o leitor a se localizar no momento de realização dos textos, entrevistas e imagens. Cada autor colaborou livremente, conversando, produzindo um texto ou trabalho artístico. Nesta última, o livro conta com intervenção de texto e imagem de importantes artistas plásticos contemporâneos como Antonio Manuel, Tunga, Cildo Meireles, José Damasceno, Ernesto Neto e Carmela Gross. Feitas no calor da hora, as análises reunidas em Brasil em movimento mostram que não há mais espaço para velhas ideologias ou polaridades quando se trata de avaliar uma sociedade com tantas facetas e complexidades