Replicadas em série nas TVs, monitores, jornais e revistas, as imagens da extrema violência que marcam o cotidiano atual no Brasil urbano parecem até perder o sentido. Diante do desafio extremo de enfrentar esta questão complexa - que se desdobra em inúmeras vertentes políticas e sociais -, o projeto temático Escritas da violência reuniu pesquisadores num fórum interdisciplinar sobre a violência e as suas modalidades de inscrição. O livro Escritas da violência é o resultado deste projeto, apresentando, em dois volumes, artigos que enriquecem o debate sobre um tema tão atual.Este segundo volume é dedicado às representações da violência na História e na Cultura contemporânea na América Latina. O cinema e a ditadura no Brasil, a representação e elaboração do trauma na literatura de testemunho pós-ditadura no Brasil, a violência nas obras de Carlos Sussekind, Raduan Nassar e Milton Hatoum, a memória dos familiares de mortos e desaparecidos políticos no Brasil são alguns dos temas explorados nesta obra, que mostra as múltiplas formas de inscrição da violência nas artes, na cultura e no cotidiano.As mudanças, impasses e dificuldades sociais, políticas e culturais suscitadas pelas inúmeras formas de violência que marcam a história recente da América Latina estão presentes em cada um destes artigos, ampliando a reflexão sobre temas como a memória, o testemunho e a elaboração coletiva do trauma. Priorizando a questão da representação e do "efeito social da violência", esta obra contribui para enriquecer o debate também em torno de uma nova violência - associada às questões sociais, ao narcotráfico e aos os aparelhos de repressão e controle - tão marcante nas sociedades contemporâneas.