A escolarização formal atravessa grande parte da vida dos sujeitos, de modo que as instituições escolares são espaços onde os alunos passam por experiências de socialização que impactam diretamente a sua constituição como indivíduos. Nesse sentido, Graciana Azevedo mostra que a escola, muito mais do que um ambiente de aprendizagem de conteúdos, consiste em um locus de formação holística, promovendo aos educandos não apenas a construção de conhecimentos disciplinares, mas também o desenvolvimento enquanto indivíduos. A autora elege como seu objeto de pesquisa o processo de transição escolar, compreendendo que o deslocamento de um aluno para outra fase de sua formação, incluindo-se, nesse contexto, a sua inserção em um novo espaço formativo, demanda que esse estudante desenvolva estratégias para lidar com a realidade que passa a experienciar. Fazendo-se valer de conhecimentos da psicologia cultural semiótica, a pesquisadora analisou os processos de atribuição de significados às vivências de discentes ao longo de seu ingresso no sexto ano do ensino fundamental no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco. Por meio de diversos procedimentos, como a realização de entrevistas e a solicitação de produções de textos aos estudantes, Graciana pôde mergulhar no imaginário dessas crianças a fim de reconhecer os processos semióticos por meio dos quais elas ressignificaram o seu cotidiano na nova escola.