Urânia era, na Grécia Antiga, a musa da Astronomia que presidia ao céu estrelado. Uma estatueta da deusa, tão perfeita que mais parecia animada, inspirou a um jovem estudante do Observatório de Paris uma devoção próxima do amor. Então ele é levado por ela, numa visão, a uma viagem desbravadora pelo Cosmo. Assim começa a narrativa encantadora de Camille Flammarion, que nos convida a participar dessa viagem pelo espaço estelar, guiados pelas mãos de Urânia. Com dois séculos de antecedência, ele compõe a mais inspirada visão da cosmogonia, em que intui uma perspectiva do espaço celeste, dos mundos do Universo, das galáxias e estrelas, que nos encanta e inspira como uma revelação, justificando a fama duradoura de que goza esta obra. A narrativa prossegue com a história de George, o amigo dileto do nosso herói, homem obcecado pelo estudo dos mistérios do Universo e da alma, e da terna paixão que o une a Icleia, jovem norueguesa que partilha de suas ansiedades metafísicas. A descrição deste romance delicado e intenso permite a Flammarion desenvolver, em diálogos ricos de conhecimento, reflexões que partem da visão científica para os altos voos do espírito em busca da verdade. O desfecho aventuroso conduz a narrativa a um incrível testemunho da imortalidade, calcado nos fenômenos que o autor exaustivamente pesquisava, e no que foi um dos maiores vultos do espiritismo nascente. Urânia é um clássico, uma obra consagrada da literatura espiritualista, que já encantou gerações de estudiosos. Ao ser envolvido pelo seu encanto, o leitor entenderá por quê.