Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar de sua viabilidade como nação soberana. De cada três brasileiros, um vivia em regime de cativeiro. O medo de uma rebelião dos escravos tirava o sono da minoria branca. O analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. O isolamento e as rivalidades entre as províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas vizinhas colônias da América Espanhola. Ao voltar para Portugal, no ano anterior, o rei dom João VI havia raspado os cofres públicos. O novo país nascia falido. Faltavam recursos para sustentar uma guerra contra os portugueses, que se prenunciava longa e sangrenta. Este livro, agora apresentado aos leitores em edição ampliada e comemorativa do bicentenário da Independência, mostra como o Brasil, que tinha tudo para dar errado em 1822, acabou por se viabilizar e se consolidar por uma notável combinação de sangue