Em DESENCANTO EM TREVAS, livro de estreia de Victor Gabryel de Moura, os poemas, essencialmente líricos, parecem revisitar o tédio, a incerteza, a melancolia e o escapismo de natureza romântica e simbolista, mas com a dissonância ontológica e a permanente questão do sentido do ser em conflito com a sociedade tecnológica e a mercantilização do homem, motivos que lembram a lírica baudelairiana. A evasão, o sentimento de inadequação social, de desejo irrealizável, herança de um Romantismo em ruínas, projeta um eu lírico desencantado que se lança nas trevas e nestas latejam as forças inconscientes de uma alma sem destino (ah, a vida perdera o sentido). Ao contrário da paixão e do sonho românticos, o eu lírico parece imerso em um purgatório de frustações e contradições. Do Simbolismo, herda o mal-estar profundo, mas resultado de uma sociedade pós-moderna degradada e desumana. Apaixonado pela tristeza, o sujeito poético se apresenta isolado em uma atmosfera penumbrosa, na qual pouco [...]