Nós vamos ter que parar por aqui. É o último verso do primeiro poema de O vivo no vivo, de Anna Violeta Durão, no qual se emula um fim de sessão de análise, concluindo um texto que faz coincidir duas formas distintas de rememoração: das fontes do eu e das do mundo da arte, fundidas. Na brusca interrupção do eu e da arte começa a vertigem que tem palco na obra que você tem em mãos. O que é uma interrupção? Pegue uma cadeia de acontecimentos interligados. Cada evento é o elo de um processo que faz sentido. Quebre a corrente. Com que martelo? Com trauma ou milagre. Dois procedimentos de interrupção que atravessam O vivo no vivo. O truque de Anna Violeta consiste em esconder essas duas forças, trauma e milagre, em imagens mínimas. No poema embrulha pra viagem, três estouros na embalagem de plástico-bolha atualizam o remetente: ploft! viagem;/ploft! presente;/ploft! encontro. Nada além de uma mínima explosão de ar acontece na cena, mas essa distensãozinha repentina desloca o corpo (...)