Aos dezenove anos, uma doença colocou uma cadeira de rodas no caminho de Juliana Carvalho. Sem esconder os momentos dolorosos e a vontade de desistir, este relato autobiográfico extrai humor e esperança de situações difíceis e expõe a mistura de tragédia e comédia que caracterizam a sua - e a nossa - complexa condição humana. Na minha cadeira ou na tua? percorre as questões fundamentais do cotidiano dos cadeirantes, com informações sobre inclusão e acessibilidade e casos de lutas enfrentadas e por enfrentar e intercala narrativas sobre a vida da autora antes e depois da lesão medular. Antes dela, Juliana relembra pensamentos, brincadeiras e a relação ingênua com a família durante a infância e fala sobre a descoberta do amor e do sexo, as festas, a rebeldia e as bebedeiras durante a adolescência. Já adulta, após a grande virada, a readaptação, a convivência com os novos limites, a superação e a percepção de que uma cadeira não modifica o fundamental: o que o ser humano é além do próprio corpo. Um dos méritos do livro é o bom humor, mas Juliana sobe o tom quando, no último capítulo, se refere à condição de cadeirante na sociedade de hoje: "Podemos ter uma legislação pródiga, mas, na prática, estamos muito aquém do que está no papel. Muito aquém". E segue exemplificando: "No meu trabalho, o que não é adaptado, eu batalho pra ser. Tenho autonomia e um grande prazer em tocar o ‘Faça a Diferença’, programa exibido na TV Assembleia do Rio Grande do Sul, que aborda temas ligados à inclusão, respeito à diversidade e promoção dos direitos humanos".