A década de 1940 corresponde a um período de reavaliação da poesia brasileira. Serenada a efervescência dos anos 20 e 30, surge nos 40 outra disposição lírica, fortemente marcada pela restauração das técnicas tradicionais de composição poética. Métrica, rima e estrofações modelares voltam, revigoradas, a frequentar a poesia brasileira, depois do banimento decretado pelo Modernismo. A temática também não é a mesma: em vez do programa nacionalista dos articuladores de 22, outro repertório, mais amplo, passa a ser explorado. Boa parte da produção da época repousa sobre o manto da controvertida Geração de 45, movimento que há décadas vem suscitando avaliações divergentes da crítica literária. Se Tristão de Athayde percebeu na Geração um "desdobramento do próprio Modernismo", José Guilherme Merquior a acusou "por ter recusado, com dano e má -fé, a audaciosa lição de 22". Duas visões antagônicas que bem ilustram a polêmica em torno dos poetas de 45, neomodernistas para uns, antimodernistas para outros. Controvérsias à parte, o fato é que o legado dos anos 1940 permanece, e nele se podem distinguir faturas poéticas de alto valor. Para a elaboração desta antologia, revisitamos a obra de 34 poetas surgidos entre 1940 e 1949, autores que, reunidos num único volume, revelam a expressão multifária e polifônica do período, frequentemente despercebida e não registrada nos manuais de literatura.