Contos de piratas reúne seis narrativas curtas representativas da parte mais vasta e menos conhecida da ficção de Arthur Conan Doyle. Ainda que não pareça, só uma pequena porção da sua obra envolve o personagem que se tornou maior que o autor, Sherlock Holmes. Esta, entretanto, é apenas uma das faces da sua produção. Contos de piratas faz parte dessa produção mais vasta. Lançada originalmente em 1922, a coletânea reúne histórias editadas para as revistas de ficção e ntretenimento da época. Todas têm formato e tamanho semelhantes e são narradas com um realismo quase jornalístico, uma ficção construída a partir de dados concretos. As histórias se estruturam pela exploração de um cenário através de episódios. A escolha da pirataria como tema provavelmente contou com sugestões ou comentários de seu amigo e parceiro da vida inteira, o baronete James Matthew Barrie (1860--1937), que, anos antes, lançara Peter Pan, criando um personagem seminal na imaginação popular, o inesquecível capitão Gancho, talvez o pirata ficcional mais conhecido do século XX. Contos de piratas também desmistifica o romantismo fantasioso associado à pirataria pela arte e cultura ocidentais a partir do século XIX. Sharkey não é nenhum galã alegre e namorador como Errol Flynn e outras celebridades dos filmes de Hollywood. Os piratas de Conan Doyle representam justamente o oposto, a escória da escória da criminalidade, homens desnorteados pelas guerras, patologicamente brutais e destrutivos.