A autora descreve as manifestações no Rio de Janeiro em 2013 observando o modo pelo qual os eventos foram observados por seus observadores. Desta forma, a autora consegue enxergar a cegueira absurda dos observadores, a incompreensível capacidade autodestrutiva da política e a capacidade destrutiva dos meios de comunicação, além da irracional violência da repressão, como salienta o Diretor do Departamento de Estudos Jurídicos da Universidade de Salento, e Professor Visitante da UFRJ, Raffaele De Giorgi. Através da observação da autora é possível ver a auto-consumação das expectativas de democracia em uma cidade que morre por sua própria violência, deixando ver como o direito se consome quando a exceção da democracia se torna uma prática que encontra em si mesma sua própria justificação, demonstrando que não existe diferença entre a violência que produz o direito e a violência que o mantém. A expressão Democracia Encurralada, cunhada pela autora, traduz toda a complexidade da democracia contemporânea, como observa a Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRJ, Juliana Neuenschwander Magalhães. A democracia encurralada é o reflexo do abismo entre morro e asfalto, projetada pelos novos bárbaros durante as manifestações de 2013 no Rio de Janeiro. Sem preocupar-se em reconstruir uma fracassada dogmática jurídica, Lia Torraca, segundo Neuschwander Magalhães, aventurou-se pelo pensamento da teoria crítica do direito e se fez socióloga do Direito, expandindo o foco de sua democracia encurralada, demonstrando-a no tempo e no espaço por meio de categorias como era da antropofagia democrática ou resistência em quarta dimensão. Mas, e agora, sem os bárbaros, o que será de nós? Era uma solução aquela gente. Também para o Rio, os bárbaros poderiam ser uma solução, provoca Raffaele De Giorgi.