O que a melancolia tem a declarar? O que ela tem a dizer de si mesma e do mundo? Com que voz, com que entoação se faz ouvir esse sentimento de desacordo íntimo e cósmico? São essas as questões que preocupam Jean Starobinski neste ensaio notável sobre A melancolia diante do espelho, fruto de uma série de aulas no Collège de France. Para respondê-las, o crítico suíço examina com minúcia três poemas das Flores do Mal. A escolha não é fortuita: vítima e devoto da melancolia, Baudelaire explorou diversos caminhos poéticos para dizer essa experiência tão difícil de capturar em palavras - e tão crucial para toda a arte moderna. Dono de um formidável saber, Starobinski repisa os caminhos pelos quais Baudelaire recolheu e renovou a longa tradição ocidental de figuração da melancolia, mas não o faz por mero amor à erudição. O crítico põe-se à escuta do texto como um clínico ausculta um corpo vivo: para Starobinski os signos verbais, em toda sua complexidade e beleza, são também sintomas de uma condição humana que é preciosa demais para ser deixada sob o véu do silêncio. Fruto de uma série de aulas realizadas no Collège de France por Jean Starobinski, um dos maiores críticos literários da atualidade, A melancolia diante do espelho examina com sensibilidade e minúcia três poemas das Flores do Mal, de Charles Baudelaire (1821-1867). No foco de Starobinski, os caminhos pelos quais Baudelaire renova o tema da melancolia na arte ocidental. A edição desta pequena joia do ensaísmo contemporâneo vem acompanhada por reproduções a cores de pinturas e gravuras referidas no texto, como a Madalena em vigília, de Georges de La Tour, e Até a morte, de Goya.