A publicação do roteiro de O Palhaço responde ao interesse crescente do mercado editorial brasileiro por textos deste gênero. Com ela, temos a intenção de contribuir para uma mudança de expectativa tornando permanente aquilo que é efemero, dando ao leitor recursos para compreender melhor o processo de trabalho em cinema. Afunção principal do roteiro é contar uma história. Ele não é escrito, no entanto, da mesma maneira que um romance embora não deixe de ter forma literária. No roteiro a história é contada por meio de imagens, diálogos e descrições minuciosas das cenas; trata-se de uma bula, ou de uma rota, determinada e decupada, dividida em diferentes estágioc: planos, sequências e cenas, com as rubricas técnicas de cenários e diálogos. Escolhido para representar o Brasil na premiação do Oscar em 2013, numa vaga na categoria de melhor filme estrangeiro, O PAlhaço alcançou a marca de mais de 1 milhão de 500 mil espectadores. Foi indicado em 14 categorias e venceu 12 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo as de Roteiro Original, para Marcelo Vindicatto e Selton Mello; Ator Coadjuvante, para Paulo José; Ator e Diretor, para Selton Mello, além dos prêmiso de Melhor Filme e Fotografia do 38º Festival SESC Melhores Filmes de 2011. Ler o roteiro e assistir ao filme permite acompanhar a passagem de uma linguagem a outra: "Fizemos questão de eternizar o roteiro como ele é, sem as alterações que aconteceram nos ensaios ou na montagem. Assim, o leitor mais atento vai perceber o que foi cortado, o que foi mudado de lugar na hora da finalização", como apontou o próprio Selton Mello, coautor do roteiro. Na mesma cadência seguem o SESC e a Ouro sobre Azul em suas propostas: valorizar e difundir a linguagem cinematográfica, bem como a expressão das pessoas que atuam profissionalmente no cinema brasileiro, registrando suas experiências e compartilhando-as com o público, para além das salas de projeção. Os Editores O roteiro de um filme nasce de uma necessidade de dizer algo urgente, íntimo e pessoal. O pontapé inicial de O Palhaço veio de uma insatisfação que vivi como ator. Por um tempo achei que não devia mais fazer o que sempre fiz, a boa e velha crise de identidade. (...) Para a escrita do roteiro contei com a mente inspirada do amigo Marcelo Vindicatto. Juntos tecemos a vida desse jovem palhaço e suas aventuras emocionais, sempre acompanhado pela trupe do Circo Esperança. (...) Durante as leituras e ensaios, eu estimulava a imaginação dos atores, fazendo com que propusessem coisas para seus personagens, para nossa narrativa, e depois Marcelo e eu avaliamos o que ajudava e o que atrapalhava na condução do roteiro. (..) Fizemos questão de eternizar o roteiro como ele é, sem as alterações que aconteceram nos ensaios ou na montagem. Assim o leitor mais atento vai perceber o que foi cortado, o que foi mudado de lugar na hora da finalização. (...) Aí está o roteiro, antes de virar filme. Porque no início é apenas uma folha em branco preenchida com um bocado de palavras e sonho. E depois as folhas ficam de pé, carregadas de humanidade e seguem seu caminho.