Se o ser humano defende o lindo paradoxo de ter os pés assentes na Terra e (por vezes) a cabeça nas estrelas, a obra colectiva Na Senda dos Seres Vivos da Terra às Estrelas, permite-nos compreender melhor a questão da origem da vida e aquela, não menos crucial, da existência de outras formas de organismos vivos no universo. De onde vimos? Estaremos sós? Sob a direcção de Florence Raulin-Cerceau, doutora em Astronomia e Técnicas Espaciais, de Pierre Léna e de Jean Schneider membro do Observatório de Paris, esta obra colectiva junta as contribuições de dezasseis cientistas de envergadura internacional, de espírito claro e sintético, para fazer o ponto dos actuais conhecimentos sobre duas questões complexas: a origem da vida e a probabilidade da sua presença para além do nosso sistema solar. Fruto do encontro interdisciplinar entre astrónomos, físicos, químicos, biólogos, robóticos, filósofos e teólogos esta obra surge de vertiginosas questões - como sempre que a ciência encontra a filosofia - simultaneamente sobre o humano e o ETI (Extra Terrestrial Intelligence, leia-se simplesmente extraterrestre). Nisto, os cientistas desta obra colectiva dão relevo aos avanços de uma nova disciplina consagrada ao estudo da origem da vida sobre a Terra e à sua expansão no universo: a astrobiologia. Porque a concepção de uma vida limitada só à Terra seria uma visão bastante redutora da riqueza da natureza e das possibilidades da evolução cósmica, ao longo dos seus artigos, os cientistas deste livro apaixonante e acessível, não perdem de vista um grande objectivo da ciência moderna: conseguir atribuir um sentido ao advento terrestre da espécie humana, a única que conseguiu domar o seu quadro de vida, tornar-se "mestre e possuidora da natureza" para o dizer como Descartes. Por fim, "solidão cósmica" do humano, ou não? Uma questão ancestral à qual se procura responder nesta obra que nos faz reflectir de uma forma muito poderosa.