acho que sábado é a rosa da semana clarice lispector. a frase de clarice traduz, de maneira poética, o que o projeto sábados literários representa para os seus organizadores e participantes. era a rosa da semana. porém, somente no final de cada mês ela se abria, exalando seu perfume e ostentando sua beleza. quedavam-se, assim, à espera desse dia especial em que ouviriam, debateriam e se emocionariam com os grandes nomes da literatura. o evento sábados literários foi obra de uma equipe. constituído por um grupo de trabalho diverso, buscávamos a coesão dos encontros. logo se revelou que havia demasiada ambição e que melhor seria respeitar a individualidade dos autores, das obras, das poesias, das crônicas, dos textos. isso era importante por ser menos artificial e, sobretudo, mais equitativo, pois era exatamente a diversidade de abordagens que tornava a rosa frágil, enigmática, bela e rara. talvez o único termo que dê conta de toda essa diversidade seja detalhe. a diversidade dos debates, porém, não fez do evento um espaço para rivalidades. a harmonia dissonante minimalista sempre reinou ali. o caleidoscópio de pensamentos, teorias e visões de mundo apenas traziam à tona toda a beleza dos textos. na conjunção desses cacos coloridos, a configuração desses elementos acabava por engendrar um momento único. por isso, sábados literários era um evento em transição. a rosa, como se sabe, não é como a pintura, a música ou a literatura. uma vez criada, sua beleza se pereniza. ela morre para dar lugar a uma nova rosa. sua beleza, assim, sofria alterações a cada encontro. deformado o arranjo e aniquilada a plasticidade, eis que se deveria aguardar até o final do mês para que a rosa voltasse a florir. a beleza desse evento conjuga-se, portanto, no gerúndio. ela não está feita, está se fazendo. a cada sábado, reconquistava-se a beleza perdida do momento passado.