Este texto surgiu a partir da nossa experiência em um hospital especializado em pediatria, voltado para o ensino de jovens médicos iniciando a sua especialização em cirurgia pediátrica. A necessidade e as ansiedades que eles tinham em ter, de forma rápida e pratica, os recursos necessários para executar o seu trabalho, paralelamente à maturidade que só a experiência e o tempo trazem e que consultas a obras didáticas mais amplas são capazes de fornecer, nos estimulou a produzir um texto que fosse um começo honesto e que possibilitasse recursos imediatos para uma atuação clinica segura frente à criança portadora de doença de tratamento cirúrgico.Ao mesmo tempo, os colegas não-especialistas, em especial pediatras e cirurgiões gerais, comentavam, com freqüência, a necessidade de um texto não-exaustivo que lhes possibilitasse o diagnostico e o encaminhamento seguro de crianças que dependem de cirurgia aos especialistas, objetivo que foi incorporado ao trabalho. Destacadamente, os cirurgiões gerais comentavam que, muitas vezes necessitam de recursos técnicos para resolver problemas em crianças, em um país em que, a assistência da especialidade é profusa nos grandes centros, mas pode ser excepcionalmente escassa nas cidades de menor porte. Os pediatras sublinham a necessidade de dominar mais extensamente temas de cirurgia pediátrica, a fim de oferecer aos pacientes um diagnóstico mais preciso e cuidados objetivamente melhores enquanto aguardam a intervenção do especialista, nem sempre disponível de forma imediata.Como todos os projetos, este também sofreu criticas, algumas vezes incisivas, às quais agradecemos agora, já que nos possibilitaram uma dose de autocrítica, tão necessária e tão difícil de exercer. A mais incisiva delas foi, talvez, a que diria que manuais e rotinas embrutecem e desencorajam o estudo, transformando o ato médico em uma receita de bolo. Pensamos muito a respeito e concluímos que as pessoas são capazes do improviso, tem o sentimento da mudança, da evolução e da criatividade e que, certamente, Isto não seria diferente para nossos eventuais leitores, especialmente os jovens aspirantes ao exercício da cirurgia pediátrica: estes certamente entendem que este é apenas um começo, que o progresso é necessário e natural, e que não há diretrizes absolutas.Esperamos, enfim, que este texto seja um principio para os nossos jovens residentes, um estimulo para produzir algo cada ver melhor, muito melhor. Queremos que possa, também, ser uma ajuda aos colegas não-especialistas quando defrontados com o desafio de julgar ou, até mesmo, de resolver situações clínicas da especialidade. Quanto a certezas, apenas uma: não há nada mais lindo, mais divino e mais absoluto que o nosso trabalho como médicos e como cirurgiões pediátricos, e nada pode ser mais realizador do que prover uma vida longa, saudável e produtiva a uma criança.