O pai obsessivo, frágil e irritadiço morre, subitamente, do segundo ataque cardíaco. Sua mulher o segue, pouco depois, deixando os quatro filhos entregues à própria sorte, inseguros, mal formados, liderados pelos dois mais velhos, adolescentes indiferentes e vazios. De forma incisiva que lhe é característica, Ian McEwan revelava em seu primeiro romance, “O jardim de cimento”, impressionante domínio técnico, a serviço das qualidades que sua obra posterior confirmaria. Aqui está a mescla de banalidade cotidiana e perversidade mágica, com imagens de forte impacto visual aliadas a uma mordibez lasciva, provocando no leitor, a um só tempo, fascínio e estranhamento.